Uma tecnologia inédita no Brasil quando ao design e com o custo menor com relação à solução importada. Esse é o resultado da parceria com os pesquisadores ao Serviço de Otorrinolaringologia da Engenharia Biomédica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e da Promm. Juntos eles desenvolveram dois modelos de minipróteses à base de titânio, que permitem a reconstrução parcial ou total das estruturas responsáveis pela transmissão sonora na orelha média (ossículos da audição). A Carta Patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para o produto foi concedida em fevereiro deste ano, e a iniciativa foi reconhecida como Destaque da Pesquisa no HCPA, pelo critério Produção científica e/ou tecnológica com temática de inovação.
Os experimentos para chegar nessas minipróteses para ossículos da audição levaram mais de dois anos. “Nossa expertise no desenvolvimento desse produto vem da combinação de uma série de fatores. Entre eles, o trabalho pioneiro do professor Arnaldo Linden na concepção dos primeiros protótipos, a experiência de 25 anos da empresa Promm e do engenheiro Eubirajara Medeiros no desenvolvimento de implantes cirúrgicos, o apoio técnico e logístico da Engenharia Biomédica do HCPA, a experiência clínica de Otites Médias do Brasil e a qualidade e excelência do Hospital de Clínicas”, destaca o professor do Serviço de Otorrinolaringologia e coordenador do projeto Sady Selamen da Costa.
A técnica para o implante das próteses é microcirúrgica, podendo ser realizada com acesso pelo canal auditivo ou por retroauricular (fora do ouvido). Na primeira etapa dos testes foram feitas cirurgias experimentais no Laboratório de Microcirurgia do Serviço de Otorrinolaringologia do HCPA, em peças anatômicas humanas, para definir o modelo final. Na etapa seguinte, utilizaram-se as próteses em cirurgias odontológicas em pacientes, “Há muito tempo se desenvolveram próteses híbridas de tecido biológico e teflon. Esses modelos, apesar de todos os cuidados, carregavam consigo o problema da conservação em longo prazo”, lembra o professor Arnaldo Linden, criador do Banco de Implantes Otológicos do hospital. Já as minipróteses confeccionadas com titânio não apresentam esse risco.
“Todo o processo da concessão da patente é bastante demorado no Brasil”, ressalta o chefe de Serviço de Engenharia Biomédica da HCPA, Paulo Sanches. Além do tempo da pesquisa e dos testes, foram oito anos até se obter a aprovação da patente no INPI. Os pedidos encaminhados em 2012 só tiveram resultados publicados em fevereiro.
*Matéria produzida com informações da assessoria de imprensa do HCPA.