Profa. Dra. Edela Puricell
• Cirurgiã-Dentista, Doutora pela Universidade de Düsseldorf, Alemanha; • Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial-CFO;
• Profa. Titular do Depto de Cirurgia e Ortopedia, Faculdade de OdontologiaUFRGS/HCPA;
• Coord. do Centro de Odontologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre-SCMPA
Atuar na saúde pública sempre foi determinante em minha trajetória profissional, especialmente por entender que os recursos públicos que me permitiram cursar uma universidade pública (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS) e depois realizar meu Doutoramento em Düsseldorf, Alemanha, deveriam resultar em multiplicadoras ações na assistência e ensino/pesquisa à sociedade brasileira. Dentro desse contexto, já como professora da Faculdade de Odontologia da UFRGS, busquei desenvolver linhas de pesquisa com aplicabilidade prática na assistência cirúrgica bucomaxilofacial, priorizando soluções de baixo custo e alta eficiência.
Na década de 80, pude desenvolver técnicas como a Reconstrução de Mandíbula com Enxerto Vascularizado de Fíbula, que ainda hoje é padrão ouro para reconstruções complexas, empregada por equipes de bucomaxilofacial, crânio facial e cabeça e pescoço de grande parte dos hospitais do Brasil e em todo globo. Foi durante minhas atividades na Universidade de Köln, Alemanha, convivendo com os professores Dr. Maxime Champy (França) e Dr.Hans Dieter Pape (Alemanha), que tomei contato com os sistemas metálicos de osteossíntese, para fixação interna rígida (FIR) das fraturas na região mandibular. Ao regressar, junto à professora Regina Fialho Velho (ortodontista da PUCRS), dei início aos planejamentos orto-cirúrgicos para realização de cirurgias ortognáticas, passando a empregar as placas e parafusos metálicos (RGO 1982).
Naquele momento, sistemas importados com alto custo eram a opção, dificultavam o tratamento dos pacientes do sistema público. Mesmo para os pacientes do sistema suplementar era algo bastante inacessível em sua grande maioria. Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, os direitos fundamentais dos brasileiros passaram a favorecer o desenvolvimento de políticas e ações públicas, criando-se o Sistema Único de Saúde (SUS), quando então as universidades federais ampliaram seus objetivos em projetar soluções de baixo custo e alta eficiência para tratamentos de saúde. Foi quando fomos procurados pelo engenheiro mecânico Eubirajara Bezerra Medeiros, que buscava desenvolver sua dissertação de Mestrado na UFRGS, em Porto Alegre (RS), cujo tema era “O Estudo do Titânio como Material Biocompatível”.
Seguiram-se diversas interações entre o olhar do engenheiro e o da cirurgiã-dentista bucomaxilofacial, entre outras consultorias da área da saúde, que motivaram o seguimento dos estudos, já com interesse na aplicabilidade dos conhecimentos, gerando um sistema de miniplacas e parafusos, uma vez que um sistema nacional de osteossíntese poderia viabilizar enormemente os usuários do sistema público. Atentem que o sistema suplementar foi regulado pela Lei 9.656/98 e a ANS criada em 2000, o que depois veio a contribuir para que várias operadoras, especialmente as autogestões, viabilizassem o sistema para seus clientes.
Naquele momento, também se desenvolviam os passos das “Incubadoras de Novos Negócios”, o que motivou o engenheiro Medeiros e o colega Mário Ebling a prosseguirem com a ideia de colocar no mercado um produto de alta tecnologia para osteossíntese dos maxilares. Acredito que a PROMM talvez tenha sido uma das primeiras Startups, genuinamente gaúcha, que emergiu dos bancos da Ufrgs, na área da Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Estou muito feliz por ter compartilhado conhecimento e, agora, poder participar desse momento, quando a empresa comemora seus 25 anos! Parabéns!